Aprendizagem Mediada

Departamento de Química


atualizado 2 meses atrás


O professor Marcelo Maia Cirino (Departamento de Química) teve seus primeiros contatos com a Teoria da Ação Mediada há mais de 15 anos, quando estudou textos do também professor Marcelo Giordan Santos, da Universidade de São Paulo. Este abordou a teoria e uma perspectiva sociocultural para a Educação em Ciências, área em que Cirino é Mestre e Doutor pela Unesp.

Em seu Doutorado, obtido em 2012, Cirino traduziu e utilizou alguns capítulos do livro “Mind as action” (1998), do psicólogo norte-americano James Wertsch (1947-), professor da Universidade de Washington em St. Louis. Há 10 anos na UEL, Marcelo começou a carreira como químico industrial, mas logo entrou para a docência, tendo lecionado na Educação Básica, e depois nas licenciaturas e pós-graduação, após um período de seis anos na Universidade Estadual de Maringá.

É esta obra que o pesquisador da UEL já traduziu inteira e se prepara para publicar, assim que resolver algumas questões burocráticas, como os direitos de publicação, que pertencem à Oxford University Press. De fato, foi o próprio Wertsch que sugeriu a publicação em língua portuguesa, segundo o professor Marcelo. O Prefácio foi escrito pelo professor Eduardo Fleury Mortimer (UFMG), que trabalhou com Wertsch nos EUA exatamente na época do lançamento da obra original.

Boa parte da demora se deve à pandemia, que fez parar os trabalhos de tradução por mais de um ano, e foram concluídos em 2023. São cerca de 300 páginas, divididas em duas partes com três capítulos cada. Nos três primeiros, Wertsch descreve a teoria e mostra algumas das fontes de que bebeu, como o psicólogo russo Lev Vigotsky (1986-1934), o filósofo alemão Jürgen Habermas (1929-) e o filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895-1975).

James Wertsch se doutorou em Psicologia Educacional em Chicago e fez um pós-doutorado na Universidade de Moscou. Entre 2012 e 2018, quando exerceu a função de vice-chanceler de relações internacionais na Universidade de Washington, estudou narrativas, memórias e a identidade coletiva dos dois países, e de outros. Assim, construiu uma longa trajetória de pesquisa em torno da linguagem e da dimensão sociocultural de vários povos.

Sua Teoria da Ação Mediada defende que todo aprendizado, toda aquisição de conhecimento, mais tarde aplicado, é feito por mediação. “Tudo é mediado”, sintetiza o professor Marcelo Cirino. Esta mediação é feita por características ou atributos do próprio indivíduo diante do objeto de saber ou conhecimento apresentado. E a cada adição as ferramentas mediadoras se ampliam.

A mediação pode ser material ou imaterial. No primeiro caso, é só lembrar de que, para estudar, um aluno usa lápis, caneta, livros, computador. Imateriais são o pensamento e a linguagem, por exemplo. “O objeto e a capacidade cognitiva intermediam o indivíduo e o conhecimento”, expõe o professor Marcelo.

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