Professor integra grupo que tem artigo destacado pela Sociedade Americana de Toxicologia

Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas


atualizado 2 meses atrás


O professor do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas (PAC), Tiago Peixe, do Centro de Centro de Ciências da Saúde (CCS), é um dos autores do artigo “Range of the Perfluorooctanoate (PFOA) Safe Dose for Human Health: An International Collaboration”, eleito o melhor paper de 2023 pela Society of Toxicology’s Regulatory and Safety Evaluation Specialty Section (RSESS). O trabalho foi publicado na revista Regulatory Toxicology and Pharmacology, em dezembro de 2023, e está disponível neste portal. A revista é considerada uma das principais da área.

O estudo é assinado por cientistas de oito países – o professor da UEL é o único latino-americano a integrar a equipe. A importância científica está relacionada ao valor calculado da dose de segurança para seres humanos, ou seja, qual a quantidade segura e diária de exposição ao Ácido Perfluorooctano Sulfônico (PFOA´s), substância utilizada na forma de sais ou incorporada a polímeros (materiais), que apresentam propriedades como a capacidade de repelir gordura e água.

O ácido, segundo definição da Divisão de Toxicologia Humana e Saúde Ambiental da CETESB, é produzido em vários países e utilizado principalmente como impermeabilizante, para corantes de roupas, estofados e tapetes. Também é usado em revestimento de embalagens de alimentos, em pratos de papel, cortinas plásticas, componentes eletroeletrônicos, além de espumas de combate a incêndios, para tratamento de imagens, fluidos hidráulicos, produtos de limpeza e em formulações de inseticidas.

De acordo com Peixe, a conclusão da pesquisa demonstrou que a dose máxima (de segurança) para seres vivos é de 10 a 70 nanogramas/quilo/dia. “Algo como 1 grão de açúcar em 1 litro de água”, compara ele. O excesso de exposição ao PFOA pode trazer problemas para o fígado, desenvolvimento embrionário e ao sistema endócrino. Segundo ele, agências governamentais estimam uma taxa de dose de perfluorooctano sulfônico que possa proteger a saúde humana. A maioria destas avaliações, no entanto, baseia-se no perigo da exposição às substâncias, sem avaliar o risco. “Estima-se que as doses seguras variam amplamente, sendo algumas mais de 100 mil vezes. Esse tipo de discrepância convida ao escrutínio e à explicação”, reitera.

O professor acrescenta que o Comitê Diretor da Aliança para Avaliação de Riscos (ARA) convocou cientistas para tentar compreender e reduzir essas disparidades. Um comitê consultivo composto por nove cientistas de quatro países foi selecionado a partir de nomeações recebidas. Foi feito um convite subsequente para cientistas liderados internacionalmente à formação de três equipes técnicas independentes (num total de 24 cientistas de oito países). As equipes revisaram informações e desenvolveram intervalos para doses seguras estimadas de PFOA.

Prêmio

paper reconhecido foi o segundo trabalho do grupo publicado na revista estadunidense, sendo que o primeiro foi veiculado em 2022. Tiago conta que o convite para sua participação no grupo multidisciplinar internacional partiu de uma convocação feita pelo pesquisador Michael Dourson, diretor-científico da Toxicology Excellence for Risk Assessment (TERA), que fez o convite pela plataforma LinkedIn. Tiago Peixe conta que se voluntariou e acabou sendo aceito no grupo internacional, abrindo novas oportunidades para seus estudos. Além de atuar na UEL como pesquisador, é membro da Sociedade Brasileira de Toxicologia (SBTox). Junto ao Departamento de Patologia do CCS, ele leciona disciplinas na área Toxicologia para os cursos de Farmácia, Medicina e Nutrição.

Ainda de acordo com o professor, o próximo desafio do grupo prevê estudos sobre nível de concentração aceito em PFOS, composto iônico fluorado. A exposição à substância se dá principalmente por ingestão de alimentos ou água contaminada, podendo ocorrer em menor escala por contato dérmico e inalação.

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