História

Criação da Faculdade de Medicina e o início do Curso de Medicina

No início da década de 60 Londrina contava com 4 faculdades: A Faculdade Estadual de Odontologia, a Faculdade Estadual de Filosofia e Letras, a Faculdade Estadual de Direito e a Faculdade Estadual de Ciências Econômicas e Contábeis.

Nessa época lideranças médicas da cidade, conduzidas pelo Dr. Ascêncio Garcia Lopes (na época presidente da Associação Médica de Londrina), preocupadas, entre outros fatos, com a grande evasão de jovens para os grandes centros em busca de cursos superiores,  iniciaram o ousado projeto de montar uma Faculdade de Medicina.

Faziam parte desse grupo de médicos pioneiros Jonas de Faria Castro Filho, Heber Soares Vargas, Romão Sessak, Raul Infante Lessa, Dalton Fonseca Paranaguá, João Henrique Steffen Junior, Afonso Nacle Haikal, João Dias Ayres, Vicente José Lorenzo Isquierdo, Carlos Costa Branco, dentre outros.

Após o empenho desse incansável grupo, em 21 de dezembro de 1965, o Governador Ney Braga sancionou a Lei 5.216, que criava a Fundação Estadual de Ensino Superior de Londrina (FESULON, que seria a mantenedora da Faculdade de Medicina) e junto, a Faculdade de Medicina do Norte do Paraná, cujo primeiro diretor seria o Dr. Ascêncio Garcia Lopes.

O Curso de Medicina iniciou-se oficialmente em 15/02/1967. Nos seus primeiros meses, a Faculdade de Medicina funcionou provisoriamente na AML, enquanto as aulas de laboratório eram ministradas nas primeiras instalações da Faculdade de Odontologia, nas dependências da Catedral de Londrina. Em dezembro de 1968, a Faculdade de Medicina mudou-se para os pavilhões do atual Centro de Ciências Biológicas (CCB), no campus universitário.

O ciclo clínico iniciou-se na Santa Casa, em 1969, que foi utilizada então como primeiro hospital escola, recebendo os professores e alunos durante os primeiros quatro anos das primeiras turmas. Em 1971, mudou-se provisoriamente para as antigas instalações do Hospital Evangélico, na região central de Londrina. Em 1975 o Hospital Universitário foi transferido para o antigo Sanatório de Tuberculose da Secretaria Estadual de Saúde, Noel Nutels, ganhando estrutura própria, onde encontra-se hoje definitivamente implantado como orgão suplementar da UEL.

O Dr. Ascêncio teve o cuidado de reunir um corpo docente de primeira linha, buscando profissionais nas mais expressivas escolas médicas da época no Brasil. O Corpo Docente era contratado anualmente de acordo com a Disciplina a ser ministrada, a partir de 1967.

A Fundação da Universidade Estadual de Londrina

Em 1969, por iniciativa do Dr. Ascêncio Garcia Lopes, começou o sonho de se criar uma Universidade, unificando todos os cursos de ensino superior existentes em Londrina.

Reuniram-se os professores Otávio Mazziotti, Nilo Ferraz de Carvalho, Iran Martins Sanches, Aldo Luis Hille, Odésio Franciscon e o Dr. Ascêncio, constituindo uma comissão que agrupou dados para convencer o então Governador do Estado, Paulo Pimentel, a criar a Universidade Estadual de Londrina (UEL).

A UEL foi criada pelo Decreto nº 18.110, de 28 de janeiro de 1970 com a junção das Faculdades Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Londrina, da Faculdade Estadual de Direito de Londrina, da Faculdade Estadual de Odontologia de Londrina, da Faculdade de Medicina do Norte do Paraná e da Faculdade de Ciências Econômicas e Contábeis.

O Dr. Ascêncio Garcia Lopes e o professor Iran Sanches foram empossados, respectivamente, Reitor e Vice-Reitor, em 29 de maio de 1970.

Desde a sua fundação, a Universidade já teve como reitores: Ascêncio Garcia Lopes (1970–1974); Oscar Alves (1974–1978); José Carlos Pinotti (1978–1982); Marco Antonio Fiori (1982–1986); Jorge Bounassar Filho (1986–1990); João Carlos Thomson (1990–1994); Jackson Proença Testa (1994–1998/1998–2001); Pedro Alejandro Gordan (2001–2002); Lygia Lumina Pupatto (2002–2006), Wilmar Sachetin Marçal (2006–2010), Nádina Aparecida Moreno (2010–2014), Berenice Quinzani Jordão (2014-2018) e o atual Sérgio Carlos de Carvalho,  com mandato até 2022.

A UEL completou 48 anos de atividades em outubro de 2019, destacando-se nacionalmente em ensino, pesquisa e extensão e se solidificando no cenário internacional pelo impacto das pesquisas desenvolvidas.

Fontes:

1. Chenso, Paulo André. 50 Anos do Curso de Medicina de Londrina [Livro Eletrônico]/Paulo André Chenso. – Londrina: Eduel, 2018. Disponível em https://www.eduel.com.br/ISBN 978-85-7216-933-2

2. Cuidar, curar, lembrar – memória da saúde em Londrina/Museu Histórico de Londrina, Universidade Estadual de Londrina; projeto Cura e cuidados: uma história dos procedimentos e tratamentos de saúde em Londrina, organização Regina Célia Alegro. – Londrina: UEL, 2012. ISBN 978-85-7846-148-5

3. Passagens da Uel. Universidade Estadual de Londrina (Catálogo de Fotos). Disponível na Biblioteca BS/HU 

5. Site da Universidade Estadual de Londrina: http://portal.uel.br/conheca-a-uel/S/HU

A criação do Departamento de Clínica Cirúrgica

O Departamento de Clínica Cirúrgica teve como embrião um seleto grupo de cirurgiões contratado para ministrar aulas na então Faculdade de Medicina do Norte do Paraná, em meados de 1969/1970: Dr. Humberto de Moraes Novaes, Dr. João Carlos Thomson, Dr. Lucio Tedesco Marchese, Dr. João Amorim Filho, Dr. José Carlos Pareja, Dr. José Manella Neto, Dr. Luis Carlos Coelho Neto Jeolás e Dr. José Mario Marcondes dos Reis. Nessa época, o Dr. Humberto foi designado primeiro chefe da então disciplina de Clínica Cirúrgica, que permaneceu com esse nome até 1972.

Com a fundação da UEL em 1970, foram formados novos departamentos, e entre 1972 e 1973,  o nome Clínica Cirúrgica desaparece, sendo seus docentes incorporados ao Departamento de Gastro-Pneumo-Cardio-Angiologia. O Dr. Lucio Tedesco Marchese, Cirurgião Pediátrico, foi transferido para Departamento de Pediatria, enquanto o Dr. Humberto de Moraes Novaes assumiu a superintendência do Hospital Universitário.

O Departamento de Gastro-Pneumo-Cardio-Angiologia teve como primeiro chefe o Dr. Nelson Morrone, que deu lugar ao Dr. João Amorim Filho (1976) e a seguir ao Dr. José Eduardo de Siqueira, em 1977. Como curiosidade, um dos primeiros estagiários desse departamento foi o ilustríssimo Dr. Ascêncio Garcia Lopes!

Em 1978 ocorre uma nova redistribuição dos Departamentos e, em meio a um período conturbado e caracterizado por interferências politicas na administração da Universidade, mudanças bruscas e imposição de cargos, cria-se o novo Departamento de Cirurgia. 

Na primeira reunião do Departamento de Clínica Cirúrgica do ano de 1978, no dia 11 de fevereiro, o Dr. João Carlos Thomson foi eleito pelos colegas Chefe do Departamento, sendo o Vice-Chefe o Dr. Axel Werner Hulsmeyer. Nessa mesma reunião, o Dr. Thomson encaminha solicitação urgente ao Reitor, na época o Sr. José Carlos Pinotti, para que se estabeleça uma definição clara quanto à composição das disciplinas que fariam parte dos departamentos e para a regulamentação do ano letivo do Curso de Medicina, o que de fato se conseguiu,  permitindo o início regular do curso em março daquele ano.

A administração do Dr. João Carlos Thomson ficou marcada por uma profunda reestruturação no Departamento de Clínica Cirúrgica, caracterizada por uma melhor distribuição e adequação das disciplinas da área cirúrgica, investimentos em capacitação pessoal e estímulo ao ensino e pesquisa. Reuniu-se um grupo incomparável de profissionais, contando com nomes como: Pedro Garcia Lopes, Aloísio Ribeiro de Lima, Antonio Marcos Arnulf Fraga, Jesus Roberto Ceribelli, João Amorim Filho, José Carlos Pareja, José Manella Neto, José Mário S. Marcondes dos Reis, Lauro Brandina, Luiz Carlos C. N. Jeolás, Osman B. Ferraz, Lício Hélio Francisconi, Rui Viana Junior, Axel Werner Hulsmeyer, Sakukiti Uehara, Lamartine Correa de Moraes Filho, José Adaulto T. Rocha, Francisco Pereira Silva, Edivaldo Macedo de Brito, Manuel Maria V. Calland, Jose Carlos Lacerda de Souza, Mauro Roberto Bergonse, Mario Tadaiti Iria, Máximo Gonzalez Donoso, Murilo H. Carvalho, Nelson B. F. Pimpão, Orley B. Ferraz, Paschoal José Imperatriz, Plácido Arrabal. Ronald S. Peixoto, Wilson G. Campos, Yoshihiro Fujii dentre muitos outros.

   Durante sua gestão, a adoção de posições firmes e bem fundamentadas pavimentou as bases para o protagonismo e liderança do Departamento de Clínica Cirúrgica, cujo exemplo garantiu que essa posição  fosse assegurada e mantida pelos Chefes subsequentes.    

A coragem, determinação e credibilidade desses grandes mestres, que dedicaram grande parte de sua vida ao Departamento de Clínica Cirúrgica, sempre com o objetivo de ensinar e garantir uma formação ética e de qualidade aos novos cirurgiões, é a motivação que deve nortear o empenho dos mais jovens a seguir o exemplo e manter esse legado.

Abaixo entrevista com o Dr. Ascencio Garcia Lopes, onde ele conta toda a sua trajetória de luta, pioneirismo e inovação, feita pela jornalista Cláudia Costa, do portal Idéia Delas, em 2020:

Parte 1:

Parte 2:

Assista  também as entrevistas com os Drs. Lúcio Tedesco Marchese e Flair José Carrilho, destacando o protagonismo do Dr. Ascencio à frente da história da Associação Médica de Londrina, da Faculdade de Medicina, da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e do Departamento de Cirúrgica da UEL.

Dr, Lúcio Tedesco Marchese fala sobre o Dr. Ascencio:

Dr. Flair José Carrilho fala sobre o Dr. Ascencio: