Medicamentos reduzem lesões cardíacas da Doença de Chagas

Departamento de Ciências Patológicas


atualizado 2 semanas atrás


A associação do benzonidazol e a aspirina, para tratamento da Doença de Chagas, tem dado resultados satisfatórios tornando os indicadores de um camundongo doente normais, igualando-os a de um animal saudável. Esse é o resultado de um projeto de pesquisa da Universidade Estadual de Londrina, que testa a terapia combinada dos dois medicamentos em camundongos. 

O projeto “Eficácia da terapia combinada de benzonidazol e aspirina no tratamento modelo murinho de Doença de Chagas Aguda e Crônica” é coordenado pelo professor Phileno Pinge Filho, do Departamento de Ciências Patológicas, do Centro de Ciências Biológicas (CCB). A iniciativa tem a participação de estudantes do Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental, pós-doutorado e iniciação científica (graduação). 

A Doença de Chagas, cujo nome científico é Tripanossomíase americana, é uma infecção causada pelo Trypanosoma cruzi, um protozoário. A doença apresenta a fase crônica e aguda. Na primeira, alguns sintomas podem ser insuficiência cardíaca e problemas digestivos. Na fase aguda, febre prolongada, dores de cabeça, inchaço no rosto e pernas, fraqueza intensa. Muitos doentes podem não apresentar sintomas da doença. 

A Doença de Chagas é classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como doença tropical negligenciada, termo usado para um conjunto de enfermidades que ocorrem principalmente em países em desenvolvimento, que registram alta morbilidade e mortalidade. Calcula-se que há cerca de 6 milhões de pessoas infectadas em 21 países da América Latina, considerada uma região endêmica. 

O professor Phileno explica que a patologia é negligenciada, também, pela indústria farmacêutica. Os medicamentos para tratamento da Chagas datam dos anos 70, podem induzir a efeitos colaterais importantes e não têm eficácia na fase aguda. “Portanto, é necessária a identificação de medicamentos mais eficientes e menos tóxicos para o tratamento da doença”, afirma o professor. “A gente sabe muito sobre a Doença de Chagas e temos necessidade urgente de novos fármacos”. 

A aspirina tem de ser administrada em doses baixas. Na fase aguda, a terapia diminuiu inclusive as lesões do coração nos camundongos, prevenindo alterações cardiovasculares (pressão arterial e arritmia). Os efeitos repercutiram, portanto, na fase crônica. A terapia em estudo melhorou o número de eosinófilos e reduziu o número de neutrófilos. O eosinófilo é um tipo de glóbulo branco que desempenha um papel importante na resposta a infecções. O neutrófilo é um tipo de leucócito que atua na defesa e imunidade do organismo. Em alto número pode produzir moléculas que favorecem a fibrose no tecido cardíaco.

MOÇAMBIQUE

O estudante do doutorado Rito Santo Pereira está no 4º ano, é bolsista do Ministério da Ciência e Tecnologia Ensino Superior e profissional de Moçambique. Ele diz que o investimento em pesquisa em seu país não é muito forte. “Estou voltando para Moçambique e terei dificuldade na parte da pesquisa. O governo lá investe mais na parte educacional. Aqui me formei [pesquisador] e voltarei lá para dar aulas”. A estudante de pós-doutorado Aparecida Donizette Malvezi diz que a pesquisa é a realização da sua vida. “Sou aposentada e fico aqui por amor à pesquisa”.

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