Do que se alimentam os bichos-da-seda?

Departamento de Biologia Geral


atualizado 4 semanas atrás


Um dos problemas enfrentados por produtores de seda no Brasil é a falta de alimento para os bichos-da-seda em situações em que as plantações de amoreiras, usadas para alimentar o inseto, não dão conta de suprir a demanda. Isso é o que conta a professora do Departamento de Biologia Geral, do Centro de Ciências Biológicas da UEL (CCB), Renata da Rosa, que coordena o projeto de pesquisa “Desenvolvimento e otimização de tecnologias para a alimentação e saúde do bicho-da-seda (Bombyx mori Linnaeus, 1758)”.

Por conta desse projeto de inovação tecnológica, ela é contemplada com a Bolsa de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Essa pesquisa é uma das vertentes do projeto “Seda – O fio que transforma”, que teve início em 2018 e é financiado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), por meio do Fundo Paraná. 

Renata relatou que seu projeto propõe a criação de um alimento artificial para bichos-da-seda, baseado nas folhas de amoreira, que é o que se costuma usar. Isso porque, segundo ela, “as rações que existem fora do país para o bicho-da-seda não suprem a necessidade nutricional da raça comercial brasileira”. Para solucionar esse problema, o grupo cria diferentes formulações do alimento e testa nos bichos-da-seda. Outro trabalho realizado é o tratamento do solo em que a amoreira é produzida e o teste nos animais com as folhas dessas amoreiras. Depois disso, são observados os efeitos como o crescimento do animal, seu desenvolvimento, a formação de casulo e a qualidade da seda.

Nesse sentido, a professora contou que o grupo busca que o alimento desenvolvido favoreça a saúde do bicho-da-seda. E, considerando que a folha de amoreira é a principal fonte de alimento, são feitas análises do solo para que as amoreiras também sejam mais adequadas. Além disso, o trabalho envolve observar se o alimento causa danos para a saúde desses insetos e se os genes de produção da seda se expressam de forma eficiente. 

Um dos objetivos do projeto é que essa fonte de alimento alternativa possa impedir que os produtores de seda sofram perdas econômicas em consequência da má alimentação dos insetos, conforme apontou a pesquisadora. Ela explicou que fatores como as mudanças climáticas, geadas e agrotóxicos podem prejudicar as amoreiras e contribuir com a falta de alimento para os animais.  

De acordo com a professora, o Brasil é conhecido pela seda de alta qualidade. E para produzir bons fios de seda, é preciso suprir as necessidades nutricionais dos bichos-da-seda, o que também está relacionado às condições das amoreiras. Por isso, Renata destaca a importância de desenvolver uma tecnologia à qual os animais se adaptem e que possibilite a produção da seda. 

Renata ainda destacou que o projeto gera resultados no campo da pesquisa, com a obtenção de informações como expressão de genes e vias metabólicas. Também tem um papel importante na formação de profissionais e pesquisadores, já que conta com a participação de estudantes de graduação e pós-graduação. Ainda atua no desenvolvimento tecnológico, trabalhando para criar um produto que atenda às necessidades da produção. E por fim, o projeto também dialoga com o setor privado e com a indústria, por meio de uma parceria com a Fiação de Seda Bratac. 

Equipe 

Além de Renata, colaboram com o projeto os professores Mário Sérgio Mantovani e Rogério Fernandes de Souza, do Departamento de Biologia Geral; Cristianne Cordeiro Nascimento, de Design; Sheila Levy, de Histologia, e Odimári Pricila Prado Calixto e Valter Harry Bumbieris Junior, de Zootecnia

Outras atuações 

As pesquisas da professora são desenvolvidas no Laboratório de Citogenética e Entomologia Molecular, que tem como especialidade o estudo de insetos. Nesse laboratório, além do trabalho com bichos-da-seda, também são realizadas pesquisas com pragas de soja e sua resistência a inseticidas, além do estudo de mosquitos, em especial do mosquito da dengue, em parceria com outro laboratório. 

No projeto “Seda – O fio que transforma”, são desenvolvidas diversas pesquisas envolvendo o bicho-da-seda, inclusive trabalhando com a relação entre as mudanças climáticas e a produção de seda. Além disso, Renata é professora da área de Biologia Celular e, atualmente, ministra aulas para os cursos de Biologia Bacharelado e Nutrição. 

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